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Hiperconectividade e solidão: o paradoxo dos tempos atuais

  • Foto do escritor: Andreia de Miranda Hollenstein
    Andreia de Miranda Hollenstein
  • 18 de ago.
  • 2 min de leitura
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Durante a pandemia tivemos que de súbito nos adaptar ao isolamento e restringir os contatos sociais de trabalho e familiares ao essencial, de um dia para o outro nos reduzimos a uma micro janela na tela do computador e ficamos acompanhados de pouquíssimas pessoas de fato presentes em nosso convívio.

O trabalho que antes seguia a rotina de ponto presencial do escritório, adicionado ao torturante calvário da locomoção em infindáveis horas no trajeto, viu a possibilidade de se trabalhar online como uma libertação e um vislumbre da conquista de uma melhor qualidade de vida.


Trabalhar de casa e trocar de casa quando se bem entender, inaugurou a tendência dos nômades digitais. Já se passaram cinco anos desde o início da pandemia e hoje sentimos na pele a herança de uma geração que teve suas primeiras experiências – escolares e sociais - marcadas pelo isolamento e a intermediação das telas.

Hoje ouço cada vez mais na clínica de alguns pacientes nômades digitais o lado B desse estilo de vida: exaustão, baixa tolerância a conflitos, dificuldade de comunicação interpessoal e interpretação de códigos não-verbais, solidão, ansiedade crônica. Emerge contudo em alguns um desejo cada vez mais incipiente de se fixar em um lugar, ter uma base e construir conexões mais reais e duradouras.


A sobrecarga da hiperconectividade e das demandas externas nos faz sentir que estamos sempre em débito com o tempo que sentimos passar mais rápido e inadequados em nossas próprias vidas, no presente nada é suficiente quando comparado com aquilo que dizem que deveríamos ser e ter, conclusão: um presente superlotado de angústia e vazio de prazeres.


É preciso parar para se interrogar, será que isso que me dizem para ser é aquilo que realmente desejo me tornar? O que tem afinal de mais autêntico de mim em meio a esse mar de tutoriais que ensinam o que fazer para se levar uma vida irretocavelmente ideal ao olhos dos outros.

Aliás qual é minha vida possível para mim aqui, hoje, agora?


Deixo aqui um convite na direção de desconectar para se conectar consigo mesmo. Se conectar primeiramente com aquilo que é essencial, retornando à natureza, às conversas olho no olho e à momentos de contemplação a fim de nos (re) humanizarmos. Em um mundo onde nos sentimos ameaçados e bombardeados em muitos sentidos é necessário estabelecer e reconstruir pontes.


 

Foto:

Ponte Ruyi, localizada em Shenxianju, na província de Zhejiang na China. Seu design é inspirado no “ruyi”, um cetro tradicional chinês que simboliza boa sorte e prosperidade. O ruyi caracterizado por sua forma curva em “S”, é associado a desejos realizados e harmonia.

As curvas da ponte inspiram uma ideia de fluidez e equilíbrio enquanto que a travessia de uma ponte na cultura chinesa representa transições e recomeços.



Autora:

Psicóloga Andréia de Miranda Hollenstein

CRP: 05/36484


 
 
 

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