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Abuso Psicológico

20.06.2018

Ao contrário do que se imagina, a violência contra mulher não se manifesta apenas na forma de violência física mas pode se manifestar também com insultos, cerceamento da liberdade e recorrentes humilhações.

A violência psicológica é silenciosa e se dá na intimidade da vida do casal ou até mesmo entre parentes.

O abuso psicológico é também conhecido como Gaslighting, o termo vem de 1938, da peça Gas Light que inspirou o filme À Meia Luz, em que o marido tenta enlouquecer sua mulher manipulando as luzes de casa (que funcionavam a gás) e então negando que a luz tenha sido alterada quando a sua esposa o contradiz.

 

Quando falamos de violência psicológica é normal que cause surpresa ao elucidarmos que ela pode causar tanto ou mais traumas e danos ao emocional da vítima quanto a violência física e até tortura, como já se mostraram evidentes em muitas pesquisas.

Sim, pessoas vítimas de abuso psicológico podem ser mais suscetíveis a depressão, drogadição, alcoolismo, suicídio, distúrbios no sono e na alimentação, além da somatização de doenças.

À medida que a autoestima é minada a vítima se fecha, acaba perdendo vínculos sociais e torna-se cada vez mais isolada, o que torna tudo isso mais perigoso pois além da vítima se enfraquecer e não conseguir verbalizar um pedido de ajuda, ela perde aos poucos as referências externas de como é estar num relacionamento saudável.

 

Como identifico que estou sofrendo abuso psicológico?

 

  • Seu parceiro te humilha constantemente usando insultos chulos, ironias e ofensas com o propósito de lhe diminuir?

  • Ele pede desculpas mas torna a fazer tudo novamente, parece não ter nenhuma auto-crítica?

  • Não demonstra empatia com os sentimentos alheios e nem ele mesmo expressa emoções genuínas para com as pessoas.

  • É uma pessoa extremamente controladora e calculista, só vale a lei que ele mesmo estabelece e seus “princípios” são frágeis e questionáveis.

  • Ele é manipulador, no início do relacionamento se mostrou um companheiro aparentemente atencioso mas depois de um tempo começou a impor suas vontades em detrimento de sua liberdade.

  • Quando você se magoa com algo que ele fez, ele te acusa de ser “hiper sensível, fresca ou mimada” e sua afirmação mais frequente é “isso é coisa da sua cabeça, você é louca, descontrolada, eu não fiz nada disso, é você que imagina coisas”.

  • Tem temperamento explosivo e instável e te culpa por ter ficado nervoso ou tê-lo tirado do sério.

 

O objetivo do agressor é sempre deixar a vítima insegura e acuada; muitas vezes a violência psicológica precede a violência física, se a vítima sempre acua, o agressor sempre irá repetir o comportamento, virando desta maneira um círculo sem fim de humilhações e agressões verbais que penetram mais fundo como um flecha na presa já fragilizada.

 

O agressor faz com que a vítima comece a duvidar de sua sanidade e questionar seu valor como pessoa. Vale lembrar que a violência psicológica pode se manifestar em todas as classes sociais e culturas mas que infelizmente ainda é muito crônica e presente em culturas machistas, que possuem uma herança histórica patriarcal.

 

Essas são apenas algumas das inúmeras características que um relacionamento abusivo pode ter, caso você as tenha identificado em sua rotina, procure ajuda, converse com alguém de sua confiança, procure saídas e formas de se fortalecer e por um fim, pois um relacionamento que possui essas características é tóxico.

 

O amor é um ingrediente vital sim, mas sem respeito e confiança mútuas as bases de um relacionamento não se sustentam.

 

O amor não pode e não deve ser usado como justificativa para praticar ou aceitar comportamentos abusivos e degradantes.

Quem verdadeiramente deseja estar bem com sua cara-metade, se preocupa em não ferir, sabe pedir perdão e trocar afeto.

Tentar mudar o comportamento do agressor é um equívoco frequente da vítima imersa em uma ficção esperançosa que um dia – como uma prova de amor - ele irá se transformar.

 

Imperfeições e tropeços no relacionamento fazem parte dos desafios de se viver a dois, violência não.

A realidade de muitas famílias só vai mudar através do esclarecimento; quanto mais pessoas tiverem consciência desse tema, mais aumentará a possibilidade das vítimas reconhecerem que são de fato vítimas e assim buscarem uma saída.

Caso você tenha lido esse texto e lembrou de alguém próximo que talvez esteja passando por isso, converse com essa pessoa, ofereça apoio.

 

 

A Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência - Ligue 180 

Autora: Andreia Hollenstein

CRP:05/36484 

Psicóloga Clínica & Psicanálise

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